sábado, 21 de novembro de 2015

Mórmons e o Positivismo


O que uma teoria sociológica do século XIX, tem a ver com os membros da Igreja SUD?

Auguste Comte, o criador da teoria positivista.

O positivismo foi uma teoria sociológica criada pelo francês Auguste Comte(1798-1857). Suas ideias eram de que as ciências naturais regiam o mundo e com sua positividade somavam para a construção da sociedade ideal. Outro detalhe é o fato de que para ele, a Europa era a civilização modelo e que o restante do globo deveria se espelhar nela. 

Charles Seignobos

Dentro da historiografia, os historiadores Charles-Victor Langlois e Charles Seignobos escreveram o livro “Introdução aos Estudos Históricos”(1899). O livro é um clássico, com regras rígidas sobre como investigar um documento histórico. Suas ideias foram abatidas com a Escola dos Annales nos anos de 1920 por March Bloch e Lucien Frebvre e o positivismo ficou para trás. Com ideias e maior amplitude documental revolucionou o estudo da história.


Tanto na questão histórica quanto doutrinária membros tem as mesmas ideias positivistas. Abaixo uma lista de teorias positivistas e sua aplicação entre os SUDs:


O fato fala por si mesmo


Para os positivistas o fato em si falava por si mesmo. Não precisava ser interpretado para não haver subjetividade e sim objetividade. Entre os membros ocorre a mesma coisa. Um exemplo é a chegada dos santos ao oeste que para muitos é apenas um fato sem nenhuma pesquisa maior.


História linear, progressiva e sem reflexão

Fatos históricos muitas vezes são em linha reta de 1830-2015. Um dos problemas é que não se compara como a Igreja está hoje com o passado a não ser no crescimento numérico. Alguns ideais e projetos de Smith e Young, foram esquecidos e perdidos no tempo. O que restou foram frases bonitas de autoridades gerais atualmente postadas em redes sociais.


Só estude documentos oficiais

Os historiadores positivistas na ânsia de transformar a história em uma ciência, buscaram apenas documentos do Estado e com o carimbo do mesmo. Atualmente membros dizem que só se deve acessar o site oficial da Igreja. Blogs como este de apologética SUD para muitos não é digno de estudo. 
Mesmo que aborde assuntos nunca falados em reuniões do sacerdócio e auxiliares ou escolas dominicais como evolução das espécies por ser algo considerado uma "filosofia dos homens", e Mãe Celestial por ser algo sagrado. Até mesmo um site de pesquisa escolar é descartado.


A história política elitista

O positivismo "engessou" a historiografia com seus estudos políticos. Somente essa área era estudada com nomes de reis, imperadores e heróis da pátria. A história da Igreja SUD é muito lembrada por seus primeiros líderes como o fundador além de seu primeiro líder Joseph Smith Jr., Oliver Cowdery, Brigham Young, Willford Woodruff, Orson Pratt, Lorenzo Snow entre outros da elite histórica da Igreja. O Presidente J. Reuben Clark Jr. em seu discurso "Aqueles do Último Carroção", da Conferência Geral de Outubro de 1947, fez um a homenagem aos membros mais humildes que ajudaram a estabelecer Sião naquelas companhias pioneiras. Algo nobre mas, ainda a história SUD é analisada por documentos escritos por líderes em sua maioria.


A civilização modelo

Os positivistas acreditavam que a Europa era a civilização modelo para o mundo. Por conta disso, a única merecedora de estudos. Para os SUDs brasileiros Utah é como a Europa para os positivistas. O estado norte-americano tem 60% de sua população membro da Igreja. A sede administrativa fica na capital Salt Lake City, e o maior centro de treinamento de missionários na segunda maior cidade provo. Para muitos os estado é referência em tudo. Estudar Utah e a cultura SUD local é válido mas, não somente a do "estado mórmon" e sim, de todos os locais onde está estabelecida.



Nomes e datas importantes

Como já mencionado a história positivista se resumia em nomes e datas importantes sem nenhuma reflexão. Para eles era mais importante que entender a vida do personagem ou tirar lições e aprendizado da mesma. Por conta disso que a história é tida como uma estudo chato. Membros são incentivados a fazer a história de sua família, o que é algo muito importante. O problema é que só são colocados dados como nome completo, data e local de nascimento, data e local de falecimento, ou talvez data de batizado quando bebê ou de casamento. A história de uma vida fica apenas nisso parecendo um dado batismal no Templo.

Reflexão: Como podemos ver infelizmente o positivismo está enraizado entre os membros no Brasil. Os "espírito" de Comte, Langlois e Seignobos não só assombra nosso país na política, mas também na religião. 

Será que os estudos historiográficos e doutrinários entre os santos brasileiros um dia será mudado?


Mais informações:
Um artigo sobre as 3 escolas historiográficas aqui

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