quinta-feira, 1 de outubro de 2015

As Escolas Históricas: Positivista, Marxista e Annales

A historiografia ao longo do tempo foi evoluindo rapidamente. Em menos de 150 anos muita coisa mudou no estudo dessa área das ciências humanas. Há 3 correntes historiográficas diferentes em teses e objetivos e elas são a positivista, a marxista e a analítica.


1-Escola Positivista

O positivismo foi uma corrente sociológica e filosófica criada pelo francês Auguste Comte. Ela tinha como ideia a busca da neutralidade, civilidade, ordem, progresso que curiosamente são lemas da bandeira de nosso país. Os historiadores positivistas tiveram como meta a transformação de algo subjetivo ligado a filosofia a uma ciência. Para isso uniram esforços para que a historiografia se tornasse uma ciência como a física e matemática.


Dois dos principais historiadores dessa corrente, Charles-Victor Langlois e Charles Seignobos em seu clássico "Introdução aos Estudos Históricos"(1899) mostraram como deveria ser a pesquisa metodológica e o papel do historiador. As ideias positivistas eram: 

Introdução aos Estudos Históricos

  • A história deveria ser objetiva e não subjetiva. Para isso não poderiam dar suas opiniões ou sentimentos sobre o passado ao ser estudado.
  • O historiador deve ser neutro em suas pesquisas.
  • A história era apenas narrada sem explicar como aconteceu, pois, assim corria o risco da subjetividade.
  • Os documentos que fariam a história ser uma ciência e somente os escritos e com o carimbo do governo que eram aceitos como oficias. A maioria das histórias narradas eram políticas sobre monarcas, presidentes e atos heroicos.
  • A Europa era a civilização modelo e perfeita. Somente ela merecia ser estudada.
  • Não se consegue estudar história sem documentos e isso é considerado o maior legado dessa escola.
  • O tempo era linear e progressivo e seu objetivo era tirar o homem da barbárie e levar a civilidade.

Apesar da história hoje ser uma ciência, jamais conseguiu sair da subjetividade devido ao fato de muitos historiadores terem visões diferentes e como muitos dizem "papel aceitar qualquer coisa". 



2-Escola Marxista

Karl Marx foi um sociólogo que criou teses contra o capitalismo. Para ele os burgueses(patrões) detinham o capital explorando o proletário(empregados). Em seu livro de coautoria com Friedrich Engels "O Manifesto Comunista"(1848) há uma tese dos operários se unirem contra seus algozes patrões.


Os historiadores dessa linha tinham em mente que a história não deveria ser feita como os positivistas pensavam. Algumas de suas ideias eram:

  • A história deveria ser analisada pelos operários e população de baixa renda em si.
  • O historiador não era neutro e tinha as ideias marxistas obviamente.
  • Não aceitavam a ideia de que documentos eram somente os do Estado. Para eles atas sindicais e documentos escritos por operários eram dignos de estudo e apreciação.
  • O tempo tinha como objetivo levar a luta de classes acabando com o capitalismo levando ao socialismo.

Muitos hoje em dia seguem essa vertente marxista dentro da historiografia. Suas inovações e ideias foram rapidamente substituídas pelo terceiro grupo de historiadores.



3-Escola dos Annales

No fim da grande crise de 1929, o movimento também conhecido como "escola analítica" veio como uma crítica aos historiadores positivistas que não interpretavam e analisavam os documentos

Marc Bloch
O começo se deu com os historiadores Marc Bloch e Lucien Febvre  que revolucionaram a maneira de estudar história. Algumas ideias dos annales eram:
  • Não aceitavam a ideia da história política elitista, e passaram a estudar outras áreas como o social, cultural, religião, mulheres e até sexualidade.
  • Os documentos ou fontes de pesquisa não eram só os do governo ou dos sindicatos mas, qualquer traço deixado pelo ser humano. Uma foto, um objeto, uma gravação de áudio, etc eram aceitos como documentos e estudados.
  • O tempo era múltiplo podendo ser comparado o passado com o presente e analisando um futuro.
  • Unir história com sociologia, filosofia ou outro ramo de estudo para um diálogo e maior aprendizado de ambas as partes.

Essa última escola sobrevive até os dias de hoje tendo passado por 3 gerações. Apesar de cada uma ter deixado algum legado, a analítica é a que nos ajuda a entender melhor nossa própria história.

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