O protestantismo de Lutero e Calvino viria dar uma reviravolta no século XX. Um dos movimentos religiosos mais impactantes da época foi o pentecostalismo do qual se origina maioria das denominações evangélicas.
Pastor William Joseph Seymour |
O movimento pentecostal começou com William Joseph Seymour (1870-1922). Descendente de escravos e filho de pais católicos, quando adolescente se converteu ao protestantismo. Em Houston-Texas frequentou a classe de Charles Fox Parham (1873-1929) onde aprendeu o conceito de linguas estranhas. Curiosamente parhan foi um dos fundadores da "Assemblies of God" (Assembleia da Deus) nos EUA. Baseado no texto de Atos capítulo 2, começou-se a ensinar que o dom de falar línguas diferentes não havia sido extinto com os apóstolos e ele aderiu a ideia. Em busca de poder começar sua obra missionária Los Angeles, aluga um local para começar sua Igreja na Rua Azusa.
Nesse local começou o que ficou conhecido como "Reavivamento da Rua Azusa" devido as manifestações espirituais como o "dom de línguas". A Igreja Missão de Fé Apostólica fez muitos curiosos e conversos sendo notícia do "Los Angeles Times" em 18 de abril de 1906.
Rua Azusa e a Igreja Missão de Fé Apóstolica. |
Matéria do Los Angeles Times sobre o reavivamento da Rua Azusa. |
Tais crenças trouxeram um certo preconceito pelos reformados que não aceitavam aquelas manifestações do "falar línguas estranhas".
Segundo o contemporâneo Frank Bartleman que foi um converso e testemunha ocular do movimento pentecostal da Rua Azusa, escreveu o seguinte:
"A obra era cada vez mais clara e forte em Azusa. Deus operava poderosamente.
Parecia que todos tinham de ir a Azusa. Havia missionários vindos da África, Índia e ilhas oceânicas. Pregadores e obreiros atravessavam o continente, e vinham de ilhas distantes, motivados por uma tração irresistível por Los Angeles. "Congregai os meus santos" (Salmos 50:1-7). Haviam sido chamados para assistir o Pentecostes, embora não soubessem. Era a chamada de Deus. Reuniões independentes, em Lonas e Missões, começaram a fechar por falta de gente. Seus membros estavam todos em Azusa. O irmão e irmão Garr fecharam o auditório "Sarça Ardente" e vieram para Azusa para serem batizados no Espírito, e logo foram para a Índia para espalhar a chama. Até o irmão Smale veio para Azusa procurar os membros de sua igreja. Convidou-os a voltar para casa, prometendo dar-lhes liberdade no Espírito, e durante algum tempo Deus operou poderosamente na Igreja do Novo Testamento também.
Houve muita perseguição, principalmente por parte da imprensa. Escreviam coisas incríveis, mas isso só fazia com que mais gente viesse. Muitos deram ao movimento seis meses de vida. Em pouco tempo havia reuniões noite e dia sem interrupção. Todas as noites a casa estava lotada. Todo o prédio em cima e embaixo havia sido esvaziado e estava sendo utilizado. Havia muito mais brancos do que pessoas de cor frequentando as reuniões. A segregação racial foi apagada pelo sangue de Jesus. A. S. Worrel, tradutor do Novo Testamento, declarou que o trabalho de Azusa havia redescoberto o sangue de Jesus para a igreja naquela época. Dava-se grande ênfase ao sangue como elemento
purificador".[1]
"O irmão Seymour foi aceito como o líder nominal. Mas não havia papa ou hierarquia. Éramos todos irmãos. Não tínhamos programas humanos. O Senhor mesmo liderava. Não havia uma classe sacerdotal, nem ações sacerdotais. Estas coisas surgiram depois à medida que o movimento apostatou. No princípio não tínhamos nem plataforma, nem púlpito. Todos estavam no mesmo nível. Os ministros eram servos na verdadeira concepção da palavra. Não homenageavam os homens pelo que possuíam a mais de recursos ou de instrução, mas pelos dons que Deus lhe dera. Ele colocava os membros no lugar certo do Seu corpo. Agora "coisa espantosa e horrenda se anda fazendo na terra: os profetas profetizam falsamente e os sacerdotes dominam de mãos dadas com eles; e é o que deseja meu povo".[2]
No Brasil o movimento em si começou em 1910 com a vinda dos missionários suecos Adolf Gunnar Vigren e Daniel Högberg mais conhecidos como Gunnar Vingren (1879-1933) e Daniel Berg (1884-1963). Inicialmente batistas sentiram o desejo de serem missionários. Foram a uma biblioteca onde descobriram a existência do estado do Pará e assim tiveram como revelação o local. Logo se situaram na capital Belém em 19 de novembro de 1910, onde se hospedaram no porão de uma Igreja Batista na Rua Balby, 406. Pregaram o dom de línguas há alguns membros, e isso fez com que fossem expulsos de lá.
Assim começou o trabalho de uma das denominações evangélicas mais famosas e tradicionais do país. No começo se chamou "Missão de Fé Apostólica" mas, mudou para o atual nome em 1918 para "Assembleia de Deus".
Daniel Berg e Gunnar Vigren. |
Mesmo com as centenas de facções, a denominação ainda é um tanto conservadora mesmo que comparada antes de 1980 pareça mais flexível. Em sua história não houve uma "americanização" e a denominação tem um jeitinho brasileiro. os evangélicos tem aumentado em número sendo a maioria se declaramo pentecostais.[3]
Referências:
[1] Frank Bartleman, "Azusa Street: The Roots of Modern-day petecost", p.40-41
[2] Frank Bartleman, "Azusa Street: The Roots of Modern-day petecost", p.45
[3] http://censo2010.ibge.gov.br/
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