Marc Bloch, um dos mais importantes historiadores |
A área das ciências humanas tem sido criticada há muito tempo por cristãos. Tanto os ramos da historiografia como sociologia são tidos como estudos que afastam a pessoa do evangelho. Já a filosofia contém um status de "mundana" com "filosofia de homens". Curiosamente essas críticas vindas de mórmons e evangélicos são facilmente refutáveis. Há de se lembrar que a própria Universidade Brigham Young oferta tais cursos.
1-Historiadores
Temida por ensinar algumas coisas contrárias ao que está na Bíblia, sempre é comum ouvir que é "para ter cuidado para não se afastar da Igreja". Há também quem acredite que a história secular é um estudo que não faz parte da cultura cristã. A Igreja SUD possui um museu e uma biblioteca de história. Também recentemente foram contratadas historiadoras mórmons para pesquisar a história de mulheres pioneiras.
Jenny Reeder, Kate Holbrook e Lisa Tait dentro da Biblioteca de História da Igreja. Foto de Kristin Murphy, Jornal Deseret News. |
Por que estudar história não é contrário ao evangelho? Há pelo menos 5 motivos claros:
1º A Bíblia e Livro de Mórmon são livros históricos teológicos.
2º Em Doutrina & Convênios é dito que devemos estudar história, geografia, cultura de outros países, leis divinas e terrenas.(D&C 93:53; 88.77-79 e 130:19)
3º Autoridades gerais como James E. Talmage, e B. H. Roberts, Joseph Fielding Smith foram historiadores.
4º A Igreja possui um historiador registrador entre os Setenta. Ele é responsável por toda a parte da história SUD e até do museu de Salt Lake City.
5º A história estuda a Reforma Protestante que foi primordial para a restauração do evangelho.
A historiografia nos ajuda a compreender não só o mundo mas, a nós mesmos. É curioso que a Igreja SUD incentiva até seus membros a estudarem a história de seus familiares.
"Um povo sem memória é um povo sem história. E um povo sem história está fadado a cometer, no presente e no futuro, os mesmos erros do passado".- Emília Viotti da Costa
2-Sociólogos
Sociólogo alemão Max Weber |
Como na história, essa ciência é vista como algo que traz ideias contrárias ao evangelho. Claro, que membros conservadores veem em seus estudos um incentivo as ideias comunistas ou socialistas. Mórmons geralmente são contrários a esses sistemas econômicos. Ezra Taft Benson em sua vida sempre criticou ele, e por declarações inclusive em discursos de Conferência Geral fazem membros crerem que um SUD não pode seguir a linha da esquerda política.
Outro fator é que o sociólogo Max Weber analisou o contexto social do trabalho em países protestantes como Alemanha, Inglaterra e Irlanda. Em seu clássico "A Ética Protestante e o 'Espírito' do Capitalismo" mostra como a crença de que o trabalho era algo bom influenciou esses países. Na realidade, essa crença influenciou os pioneiros e os membros atualmente também.
Uma curiosidade é que mesmo com as críticas a sociologia, mórmons geralmente tem as mesmas teses históricas e sociológicas que o positivismo. Até podemos fazer análises sociológicas sobre os mórmons de Utah ou os batistas da Carolina do Sul.
3-Filosofia
Mario Sérgio Cortella, um pensador e filósofo moderno. |
A filosofia é também mal vista. No Templo somos alertados de que satanás misturaria verdades com filosofias dos homens. Mas afinal, o que são essas "filosofias de homens"?
Seriam ideias que Lúcifer colocaria na mente de homens que enganosamente conduziriam a Deus. O grande problema é que é interpretado como que toda a filosofia não prestasse e que nada tivesse a ver com o evangelho.
Primeiramente existiu uma filosofia da religião e também cristã através de teóricos como Santo Agostinho da patrística e São Tomás de Aquino da escolástica. Outro fator é que a filosofia cristã teve como influências os gregos Platão e Aristóteles.
Pinturas dos filósofos cristãos Santo Agostinho (esquerda) e São Thomás de Aquino (direita) |
A filosofia grega também teve seu papel importante no evangelho . Mesmo com o paganismo, filósofos pregaram verdades e curiosidades que se assemelham com o evangelho.
Sócrates
Era um homem simples. Foi soldado e na velhice começou seus trabalhos e estudos filosóficos. Ensinava as pessoas gratuitamente ao contrário de outros grupos como os sofistas. Sua mãe era parteira e presenciou vários partos onde teve a seguinte tese: "O ser humano tem o conhecimento dentro de si. Ele só precisa ser tirado de dentro como o bebê. Uma parteira dá luz a vida e um filósofo luz ao conhecimento". Por isso saiu ensinando as pessoas fazendo perguntas para que seu conhecimento saísse. Foi condenado a morte e preferiu morrer tomando um veneno (essa era a condenação) do que fugir.
Platão
Era discípulo de Sócrates. Aprendeu muito com ele e desenvolveu mais teses. Uma delas é o mito da caverna onde mostra a diferença de quem tem o conhecimento (luz) e o desconhecimento (sombras). Uma história que pode ser analisada até os dias atuais. O mais impressionante é sua crença sobre o conhecimento do homem. Para ele antes de nascermos vivíamos em outro lugar em um corpo celestial. Tínhamos conhecimento de coisas terrenas e ao nascer esquecemos tudo o que sabíamos e começava a jornada em busca disso novamente.
Todas esses ensinamentos tem muita similaridade com crenças SUD e algumas de outros cristãos.
Trabalho voluntário, proselitismo, que vivíamos em outro lugar antes do nascimento e conhecíamos um pouco de como seria a vida terrena, e até mesmo o martírio que com o Salvador Jesus seria tomado em sentido religioso.
"Os grande líderes religiosos do mundo como Maomé, Confúcio e os Reformadores, assim como os filósofos incluindo Sócrates, Platão e outros, receberam uma porção da luz de Deus. Princípios morais foram dados a eles por Deus para iluminar nações inteiras e trazê-las a um nível maior de entendimento como indivíduos".- Elder James E. Faust, "Communion with the Holy Spirit", Ensign, maio de 1980, p.12
Conclusão: Tanto a história, quanto a sociologia e filosofia são estudos e profissões que contribuem para o cristianismo. Esses estudos podem contribuir com a fé e ajudar que seja unida com a razão.
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