segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

Mormonismo e Migrações


Monumento aos Pioneiros Mórmons que emigraram rumo ao oeste estadunidense. 
Localizado na cidade de Ohama-Nebraska (onde era o acampamento de Winter Quarters)

A migração fez parte da história dos SUDs em seus primórdios. Devido a muitas contendas locais, se mudaram muitas vezes. A Igreja formalmente organizada em 06 de abril de 1830 em Fayette estado de New York até o ano de 1844, foi se mudando para os estados de Ohio, Missouri e Illinois. O ideário de estabelecer Sião fez com que membros saíssem de sua amada Nauvoo, Illinois rumo ao oeste. Curiosamente a evacuação e plano de mudança era algo de 10 anos atrás e muito bem planejado:

"Os líderes da Igreja falavam, desde pelo menos 1834, a respeito da mudança dos santos para o oeste, nas Montanhas Rochosas, onde poderiam viver em paz. Com o passar dos anos, começaram a conversar com exploradores a fim de identificar lugares realmente viáveis para a mudança dos santos, além de examinar mapas visando encontrar o local adequado para se estabelecerem. Por volta do fim do ano de 1845, os líderes da Igreja possuíam as informações mais atualizadas possíveis sobre o oeste. Como as perseguições em Nauvoo intensificaram-se, tornou-se evidente que os santos teriam de partir. Em novembro de 1845, os habitantes de Nauvoo já estavam em intensa atividade, fazendo os preparativos para a viagem".[1] [ênfase nossa]

"A evacuação de Nauvoo foi planejada originalmente para abril de 1846, mas em conseqüência das ameaças da milícia estadual de impedir que os santos fossem para o oeste, os Doze Apóstolos e outros líderes da comunidade reuniram-se às pressas no dia 2 de fevereiro de 1846. Concordaram, então, que seria imperioso iniciar a viagem para o oeste imediatamente, e o êxodo começou em 4 de fevereiro. Sob a direção de Brigham Young, o primeiro grupo de santos iniciou entusiasticamente sua jornada. Entretanto, esse entusiasmo enfrentou grandes testes, pois havia muitos quilômetros a serem percorridos antes de poderem descansar do inverno prolongado e de uma primavera excepcionalmente chuvosa em acampamentos permanentes".[2] [ênfase nossa]

"De todas as partes dos Estados Unidos e de muitos outros países, utilizando vários tipos de transporte, a cavalo ou a pé, conversos fiéis deixaram seu lar e sua terra natal para trás, a fim de unir-se aos santos e começar uma longa viagem rumo às Montanhas Rochosas".[3]

Muitas dificuldades e força de vontade para atender o chamado de "estabelecer Sião". A história do irmão John Rowe Moyle ilustra bem isso. Mas, isso ficou no passado. Atualmente segundo o Guia de Estudos das Escrituras: "Os santos são aconselhados a edificar Sião, não importa em que parte do mundo vivam". 

A cultura da migração ainda é presente entre os mórmons. É muito comum conhecer um membro que viveu em outra cidade ou estado do Brasil. Um exemplo simples é o fato dos jovens missionários ficarem um tempo longe de seus lares. Para as mulheres 1 ano e meio e homens 2 anos. Após o anúncio o diminuição da idade dos missionários o aumento foi significativo e muitos "pegaram a onda" sendo mais forte essa migração. Apesar que desde os primórdios membros migram em missões na Europa.

Um fator preocupante atualmente na liderança é a frequência mudança de membros de sua cidade de origem menor, para uma capital ou cidade maior. Algumas localidades há apenas um ramo (unidade da Igreja SUD com poucos membros o que é geralmente entre 50 a 70 pessoas). Pessoas em busca de maiores oportunidades de trabalho e estudos saem sem pensar duas vezes. E tem aqueles que vão embora por ter servido missão e terem se acostumado com o ritmo de "cidade grande" ou com Estaca (grupo de capelas como se fosse uma Diocese católica onde a IGREJA SUD tem maior autonomia e oportunidades de crescimento como membro).

Arrumando as malas rumo a futura cidade grande, Ala e Estaca

Quando ainda era missionário, conheci membros de cidades menores que foram para maiores, ainda como não membros. Também conheci membros itinerantes que mudaram diversas vezes de lugar.

Na Conferência Geral de Abril de 2013, o Elder Stanley G. Ellis em seu discurso criticou tal atitude:

"Uma coisa que nos é ensinada com frequência é a de florescer onde formos plantados. Mesmo assim, às vezes ficamos tentados a nos mudar para uma nova área, achando que nossos filhos terão mais amigos e, portanto, melhores programas de jovens.

Irmãos e irmãs, será que realmente achamos que o fator crucial na salvação de nossos filhos é o bairro em que moramos? Os apóstolos e profetas ensinaram muitas vezes que o que acontece dentro do lar é bem mais importante do que o que nossos filhos encontram fora do lar. Como criamos nossos filhos é mais importante do que onde os criamos". [ênfase nossa]

Longe de mim julgar quem opta por isso. Após algumas experiências, fica de fato a saudade de uma cidade grande e vontade de morar em outro lugar. Quem conheceu um Universo como o clássico "Pequeno Príncipe" dificilmente como o personagem não achará um lugar melhor que seu mundinho.

De qualquer forma, a migração fez, faz e sempre fará parte da cultura da Igreja.


Companhia de pioneiros mórmons rumo ao estado de Utah.

Para Reflexão:
-Será mesmo que não faz diferença ser membro de uma ala ou ramo, distrito ou estaca?
-Estariam errados os membros que decidem mudar de cidade?

Referências:

[1] NOSSO LEGADO Resumo da História de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, p. 69
[2] IDEM p. 70
[3] IDEM p. 75

Mais informações: Um texto sobre dados estatísticos e motivos de emigrações SUDs aqui.

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